RESULTADOS E ETCs NACIONAIS
Na ressaca das eleições Europeias e dos seus (apesar de tudo) inesperados resultados é importante que as pessoas comecem a tirar a suas próprias elações esquecendo o lado populista dos resultados. Há que perceber que o crescimento do Bloco de Esquerda e o grande fraccionamento dos votos do eleitorado poderão não constituir o tal marco positivo de mudança e de inflexão politica, tanto mais da forma como foram obtidos.
Apesar de revestido de carácter Europeu, ouvi, em todos os discursos de todos os partidos, uma alusão a um ponto bastante positivo de viragem nacional e, por parte do PSD, sinal claro de que este partido está em crescendo e aspira portanto à vitória nas eleições legislativas. Admitindo esta hipótese, que sinceramente não prevejo, devemos nós encarar estes resultados como fonte de esperança nacional para o futuro dos próximos quatro anos? Vejam que o PSD obteve cerca de 34% dos votos. Observando os resultados e extrapolando-os para as legislativas (o que considero erróneo) percebemos que a maioria absoluta, que me parece tão importante no contexto actual, está muito longe para qualquer dos partidos. Maior problema, e mais importante, advém da abstenção que houve nestas eleições. Ora, se houve 64% de abstenção apenas 36% dos Portugueses foram votar. Destes, 34% votaram PSD, 26% PS!!! Com cálculos muito simples, vemos que na realidade somente 12,24% dos portugueses votaram PSD e 9,36% PS! Parece-vos que isto é um sinal de esperança? Se há quem creia que uma maioria absoluta seja uma moderna ditadura com cedências pontuais então esta maioria relativa soar-lhes-ão a quê? A mim vem-me, muito rapidamente, a ideia de anarquia politica de estilo moderno. E para isso contém, aí sim, com um BE e com uma CDU de força que ultrapassam já a barreira psicológica dos 20% de votação. Se isto é uma vitória para o país…começo a ganhar grandes receios.
No plano concreto das eleições Europeias há ainda uma ideia que deve ser retirada destes resultados. Parece-me por demais evidente que não foi o PSD que ganhou…Fazendo toda a diferença, fora o PS que perdeu. Dito assim talvez não se perceba mas se olharmos para a pequeníssima evolução do PSD face às ultimas eleições vemos que este não deverá ter motivos de grandes contentamentos porque, havendo lugar a festejos, tê-los-ão os pequenos partidos de oposição que se mostraram de grandes resultados, ou mesmo o partido dos males menores para os grandes: O partido da Abstenção. Com isto não quero afastar o mérito do Dr. Paulo Rangel que, politicamente, é das mais altas vozes que põe o PS a patinar. Creio no entanto que as asneiradas a que o Professor Vital tantas vezes recorreu e a sua péssima forma de fazer politica justificam melhor os resultados.
Um último apontamento àquilo que me parece ser um contra-senso político-económico. Com os resultados das eleições a maioria dos assentos parlamentares da EU será ocupada por democratas de ideologias de direita, os mesmo que defendiam um sistema macroeconómico ultraliberal, responsável pela crise internacional actual.