Dois mil e nove figurará pela entrada oficial do nosso pequeno País em recessão económica, como oficiosamente já se avançava em Novembro do ano passado. Com este cenário no horizonte há agora, com especial relevo, uma dicotomia de pensamento político-económico que muito nos deverá preocupar e que se relaciona com a estabilidade e crescimento imperioso e, por outro lado, com o combate político que se adivinha.
Portugal é actualmente um país enormemente fragilizado pela conjuntura internacional e por algumas politicas tolas que em muito justificam o caos em que vivemos. Como resultado dirão, grande parte dos analistas à margem das facções ideológicas, que é premente criar condições para que haja uma Governação coesa e estável capaz de nos apontar o caminho da tão adiada convergência e da bonança social proclamada pelo Socialismo esquecido. Até aqui só se conhecessem unanimidades.
Não obstante desta necessidade, o problema surge quando nos apercebemos que este ano conhecerá um clima altamente conturbado do ponto de vista político já que, leia-se, serão realizados três actos eleitorais distintos. Se as eleições europeias pouco atingem os interesses dos cidadãos portugueses, já as autárquicas e mormente as legislativas em muito contribuirão para um intensificar da agitação política nacional, pelo lançar de farpas típicas de campanhas eleitoralistas. Neste sentido, o obstáculo que já se coloca ao actual executivo será o de contornar as inevitáveis guerrilhas pré-eleitorais, de que o tema freeport é exemplo flagrante, e concentrar os seus esforços, bem como de todos os que compõem a Assembleia da República (que por isso representam as nossas verdadeiras preocupações, pelo menos em tese), na reestruturação da economia nacional e no combate à crise. Por outro lado, e com maior impacto no futuro, deparamo-nos com a dificuldade em garantir que o próximo Governo conheça a maioria absoluta como garantia de estabilidade, o que me parece francamente impossível. Com efeito, onde poderá este povo agarrar-se para crer no clima de confiança que se pretende difundir?
O actual Primeiro-Ministro, e futuro se nenhum cenário atípico se montar, carece, nitidamente, de apoios que garantam uma boa governação sem assento maioritário na Assembleia da República, o que nos deverá preocupar seriamente. Quando pensamos nos episódios recentes com o Presidente da República esse cenário agrava-se ainda mais. Governar sem maioria é deixar o rumo de um país à mercê de alguns dos caprichos da oposição que, por politicas maiores, não hesitarão em bater o pé quantas vezes forem precisas.
Haveria, no entanto, uma alternativa que a seria noutras circunstâncias. Falo-vos da constituição de um Bloco Central. Reconhecendo, no entanto, que isso implicaria operações de charme a léguas dos estilos do Sr. Engenheiro José Sócrates e da Dr. Manuela Ferreira Leite, é fácil de compreender que esta seria, inevitavelmente, a melhor alternativa a um Governo em constante xeque-mate. Concordo com aqueles que temem o Bloco Central por poder traduzir uma séria subversão do funcionamento político Português. No entanto, acredito que o nosso povo precisa, urgentemente, de um grupo de pessoas que lhes ofereçam garantias e que deixem de parte as cores partidárias e o jogo do GovernoVsOposição. As interpretações estatísticas mostram-nos que os Portugueses estão fartos de políticos e de zelos ideológicos estanques. Hoje procuram verdadeiros pedagogos que se unam em prol da recuperação deste país que, embora Europeu, se tem aproximado gradualmente de realidades de Terceiro Mundo. É justamente por tudo isto que é imprescindível garantir que este e os próximos quatro anos sejam governados com a atenção voltada para os problemas reais que afectam directamente o dia-a-dia de todos nós.
Srs. Ministros e demais classe política importa deixar as guerrilhas políticas para segundo plano, porque para politiquice bem basta a que já conhecemos.