Quão especialmente leve se parece esta noite! Talvez efeito do álcool, que falsamente desafoga os problemas que assombram o próprio luar já de si escondido num astro sombrio. Sem vícios bebo aquele martini da Ordem e uma ou outra mini ali de Sagres. Desprezo justificações de alcoólatras, mas ainda assim temos de reconhecer: que filho de puta de efeito que esta merda tem num gajo… Com isto nas veias até a Senhora Negra da Foice me parece amigável e passível de conversações:
“A senhora bebe comigo? A sua viagem há-de merecer um copo, porque nada levarás, hoje, para o teu Patrão. Não estou disponível para ir ao meu funeral nem para as canseiras que isso me dá e se procuras levar minha alma faz por procurá-la. As gramas de M. branco que por mim já circulam fizeram-na evadir-se para esferas que de tão estranhas não sei, agora, descrever. Talvez seja do álcool. Mas digo-te que são boas…Vá, bebe comigo e deixa a minha sentença para encontros seguintes. Já te disse que hoje não estou disponível para ceifas.”
Conversa agradável seria decerto a que travaríamos num cenário a ressacar no dia seguinte. Mas para que nos servirá o álcool no dia seguinte que para além da ressaca não impedirá que a Senhora Negra regresse? O caralho do álcool é porreiro mas é uma vez, mais que isso é entrar no corredor da morte porque, adivinhem, um dia ceifar-nos-ão sem obedecer à nossa vontade, com ou sem Martinis Brancos, com ou sem limão; com mini sagres ou mini super.